Tenho recebido em meu consultório muitos pacientes com ferritina alta. A maioria me relata que já diminuiu o consumo alimentar de ferro. Mas será se há necessidade?
A ferritina é o reservatório de ferro em nosso organismo, e está presente principalmente no fígado, baço, medula óssea e músculo cardíaco. O que a maioria não sabe é que a ferritina é uma proteína que também se eleva em diversas condições como infecções, processos inflamatórios e alguns cânceres.
O aumento da ferritina em 90% dos casos NÃO tem relação com excesso de ferro no organismo. Os outros 10% estão relacionados ao aumento da absorção do ferro pelo intestino pela Hemocromatose, uma doença rara, em que o excesso de ferro se deposita em diversos tecidos causando danos em vários órgãos.
A obesidade e a síndrome metabólica são doenças que cursam com aumento da atividade inflamatória no organismo, por isso tais pacientes podem ter aumento da ferritina em seus exames. Como quase metade da população está acima do peso, conseguimos entender em parte essa “epidemia” de ferritina alta.
Quais outras situações em que encontramos ferritina elevada sem sobrecarga de ferro?
Causas comuns
- Doenças hepáticas (esteatose ou hepatites virais)
- Abuso de álcool
- Obesidade
- Síndrome metabólica
- Infecções (inclusive infecção pelo COVID-19)
- Câncer
- Insuficiência renal
- Condições inflamatórias agudas e crônicas
Causas menos comuns
- Tireotoxicose (excesso de hormônio tiroidiano)
- Infarto agudo do miocárdio
Nos casos de ferritina elevada, a avaliação da saturação da transferrina (grau de ocupação de ferro na proteína que o transporta no sangue) deve ser sempre avaliada em conjunto. Se saturação alta, sugere excesso de ferro no organismo. Se normal ou baixa, teremos que pensar em todas essas outras causas de elevação de ferritina.